“Isso
Passa” traz palavras com memórias
“Isso Passa” é uma antologia da poesia de João Miguel Henriques,
seleccionada por outros dois poetas: Soledade Santos e Nuno Dempster.
Já se tinha instalado a noite quando, pelas 18:30 deste sábado, 14 de
Janeiro, na Sociedade Guilherme Cossoul, começaram a ouvir-se os primeiros sons
vindos de um piano, cujas teclas tocava José Carlos Pontes.
Seguiram-se palavras: João Silveira leu poemas de João Miguel sobre a ordem das coisas na Terra, uma casa fria, conversas ouvidas no metro.
Estava então dado início à apresentação, pouco formal e que se desenrolou em estilo de conversa, de “Isso Passa”.
Seguiram-se palavras: João Silveira leu poemas de João Miguel sobre a ordem das coisas na Terra, uma casa fria, conversas ouvidas no metro.
Estava então dado início à apresentação, pouco formal e que se desenrolou em estilo de conversa, de “Isso Passa”.
Soledade começou por dizer que conheceu, assim como Dempster, o trabalho
do jovem poeta através do blogue que este mantém, o “Quartos Escuros”.
A poetisa descreveu a poesia de João Miguel Henriques como sendo um conjunto de “fotogramas
desgarrados de filmes de ficção científica” e nela reconhece “a
consciência aguda do fim do tempo e da sua efemeridade”.
Nuno Dempster, que também realçou as imagens cénicas que resultam da
poesia de João Miguel, mostrou-se especialmente encantado com o papel que
árvores nela adquirem e com o seu sentido de eternidade presente nos poemas do
jovem, para quem estes elementos da natureza servem de cenário para um processo
de memória ou reflexão.
Para além
disso, e apesar de dizer ter “dificuldade em ser demasiado elaborado” sobre
o que escreve, João Miguel confessou ter um sentimento de respeito perante
estes “seres que nos viram nascer e que nos verão morrer”.
Seguindo o raciocínio de Dempster, pelo qual “inspiração é ter
assunto para poema”, João Miguel Henriques explicou que muito do que
escreve cresce da rua e que é aí que nasce grande parte dos seus versos.
Ao Hardmusica, o autor afirmou que, para si, a sua poesia centra-se
sobretudo na memória do tempo e das palavras: “fala de acontecimentos
passados e recordações pessoais, mas trata-se também dos efeitos que a memória
das palavras têm na própria fruição poética, no tom do poema.”
O poeta português, que actualmente vive e trabalha na Hungria, estudou
Literatura em diversas cidades, designadamente Lisboa, Jena (Alemanha) e
Edimburgo (Escócia). Em 2005, publicou, em Portugal, “O Sopro da Tartaruga”,
obra à qual se seguiram “Também a Memória é Algum Conhecimento” (2009) e
“Entulho” (2011), ambas publicadas no Brasil.
“Isso Passa”, da responsabilidade da Edições Artefacto, é uma compilação
de 42 poemas, ordenados cronologicamente, que ilustram o universo poético (ou
parte dele) de João Miguel Henriques.
“A sua poesia não cai na depressão sem solução que vemos na poesia
contemporânea, nela vemos um brilho juvenil e empolgante”, concluiu Soledade Santos.
Rita Areias