NOTA PRÉVIA
Diz-nos Guillén*
que a antologia é uma forma colectiva intratextual em que um leitor se propõe
dirigir as leituras dos outros, antecipando-se-lhes e intervindo no processo de
recepção das obras que elege. Inseridos num novo conjunto, e vendo modificado,
em consequência, o seu horizonte, os textos seleccionados inscrevem-se num novo
objecto que aspira a ser lido como um livro.
Não foge totalmente à
regra a escolha presente, nascida de uma proposta que nos fizeram os editores
da Artefacto: a de lermos a poesia de João Miguel Henriques, compilando, a
partir dos três livros que tem publicados – dois deles no Brasil e um em
Portugal, em edição de autor – e de um quarto, ainda inédito e que dá nome a
este volume, um corpus representativo da mundividência e da linguagem do jovem
autor, praticamente desconhecido entre nós e que, há mais de um ano, vínhamos
lendo com grande aprazimento no seu blogue, Quartos
Escuros.
Como todas as
antologias, também esta testemunha um exercício de leitura. Atesta, além disso,
a construção de um consenso no qual se envolveram antologiadores, poeta e editores.
É este consenso que aqui vos apresentamos, numa compilação de 42 poemas,
dispostos cronologicamente, e ilustrando, assim esperamos, o universo poético
de João Miguel Henriques.
Soledade Santos e Nuno Dempster
*Guillén, Claudio, Entre lo uno y
lo diverso. Introducción a la literatura comparada, 1985.